Chuchu-rei era um monstrinho muito desajeitado, suas pernocas pequenas pareciam dois suspiros bem gordinhos, no vilarejo que morava as pessoas eram muito pé no chão, todos seus amigos nasceram para seguir a mesma profissão dos pais, mas Chuchu-rei era revoltadinho, queria ser super herói com fivela, capa, cuequinha colorida e poderes supimpas.
Chegou então um dia de domingo, que poderia ser comum, mas aconteceu algo muito estranho, Chuchu-rei acordou, esfregou os olhões de peteca, desceu as escadas e viu seus pais paralisados no sófa, desesperado correu para a rua em busca de ajuda, o coitadinho gritou, mas não havia nenhum transeunte, olhou para os lados e percebeu que haviam umas pessoas sentadas no banco da praça, correu tão rápido ao encontro delas que suas perninhas de suspiro ficaram todas preguentas de suor monstrual.
Ufa, enfim chegou até a praça, "oi moça, com lincença...", pegou no ombro de uma senhorita que estava sentada muito quietinha, gelada, oh não, ela também estava congelada, simplesmente ele começou a chorar, chorar feito criança abandonada, todas as pessoas estavam paralisadas, menos ele.
O destemido, corajoso, audacioso, entusiasmante, bonzão, supimpa, ultra Chuchu-rei (tá, ele não era tudo isso,mas ele´era um monstrengo legal) se deu conta de que seu peito dóia muito e sua respiração tava cada vez mais dificil, o choro produziu uma catarreira horrivél, ele limpava com a costa da mão e esfregava na perninha gorda.
Chuchu-rei se ajoelhou, pediu ao Deus do sorvete que tudo voltasse ao normal, fez a prece mais linda de toda sua vida. Plift, sentiu uma bola cremosa e gelada cair no cocorutu de sua cabeçona, passou a mão, levou à boca, era sorvete de manga, deu ele uma risadinha. Ouviu uma tosse e de repente aquele barulho se transformou em voz, era o Deus do sorvete, e ele disse: Chuchu-rei não chore, tudo está paralisado porque eu resolvi dar um presente para alguém e isso desordenou o curso natural de Monstrolândia, mas em alguns minutos tudo voltará ao normal.
Então o monstrinho disse: Poxa Deus, e por que só eu posso te ouvir?
Deus disse: Por que o presente é pra você, seu tonto! (riu discretamente), começando agora você terá o poder de dar amor e sonhos para as pessoas toda vez que abraça-las.
Tipo um herói? Chuchu falou sorrindo.
É, tipo um herói, mas não use muito a palavra tipo, não é legal. Você sabe, eu gosto de gramática. Olha Chuchu, tome cuidado com esse poder.
E Chuchu preocupado disse: Mas e se as pessoas não souberem como usar o que darei pra elas?
Esse é um problema delas, seu trabalho é ser você, e dar o amor que você tem. Jamais venda, se não posso banir você para a Terra, advertiu Deus.
Chuchu retrucou: Não, menos pra esse planeta!
Foi o que imaginei, disse Deus.
Chuchu-rei ouviu risadas, barulhos de corrida, arrotos, smack de beijos. Os monstrinhos e a vida continuavam. Ele não poderia contar que já não era o mesmo, sorriu, e comeu uma maçã que havia rolado vermelinha, inesperadamente, a seus pés.
Que dia legal!, gritou, antes de correr de volta para casa.