Um brinde





Inocente, nenhum de nós dois é inocente. A chuva começa a cair e sinto as gotas dentro de mim, percorrendo cada centímetro de desejo sujo, libidinoso e lascivo que corre entre nós. Vem, abre a porta e passa teu perfume nas minhas costas, mistura o suor dos teus poros com os poros atiçados do meu ombro, me diz que o mundo é real, é uma delicia te querer como quem bebe um dry martini gelado no calor. 
Qualquer coisa que quiseres fazer dentro desse quarto vai ser meu nome do meio, me ensina qualquer jogo que quiseres jogar, joga os dados agora.
Aquele funk/soul antigo toca e eu me toco por aqui, sinto cheiro de carne, preciso me esconder na selva, me alimentar do teu frenessi, e tantas pessoas não querem viajar, tantas querem ficar nas suas sensações pobres, e eu meu bem, quero te dar mais, um brinde, a nós, a chuva, a carne.
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Nhoque.



Preciso de palavras, algumas que expliquem o que faz esse momento valer. Preciso de roupas, para me despir aos poucos quando quiser te dizer com meu corpo o que já não cabe em paroxítonas e oxítonas, dessas que nunca acerto quem é quem. 
Acordamos olhando um para o outro e tudo ficou tão calmo, o amor não é perfeito, tem dias que parece difícil, mas quando estamos longe sinto que no meu falta o teu cheiro, tua pele que cobre a minha. 

O dia amanheceu e estamos bem. 

Parece complexo, mas essa chuva que passa faz eu me sentir dentro d'uma nota musical, que corre da partitura para o ar. Senta aqui do meu lado, minhas mãos querem passear pela tua costa, desembocar na tua nuca, e meus lábios vão correndo para o beijo inevitável. Estou preparada para entrelaçar minha respiração na tua, enquanto os copos secam na mesa e as pessoas conversam, sinto que estou onde queria. Rimos e eu sei que tinha que ser desse jeito. Palavras, talvez eu não precise delas.  
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