Stupid things that you did.


Sinto muito por ter sido estúpida, é tudo que ela conseguia pensar. A vida ia correndo normalmente, coisas nascendo e morrendo, esse é o ciclo natural, até que ele a viu, ela que reclamava que ninguém a notava. Conversaram um pouco, algumas vezes se encontravam sem querer enquanto esperavam o ônibus, que pena que nunca foi o mesmo. Se fosse, eles teriam tido chance de começar uma conversa que revelasse a vontade de marcar dia e hora para um encontro, um desses em que os casais se formam, se beijam pela primeira vez. 

[risos] Acho que ele gosta de ti, ele comentou que te acha bonita com algumas pessoas.
[ela sem graça] ah, eu acho ele legal também, mas acho que gosto mesmo é de outro.

E aqueles olhares diziam para ela que havia algo, aqueles olhares de medo, de insegurança. E os dias iam passando e ela não mandava sinais, se fechava, como podia ser tão burra, ele combinava tanto com ela, quem sabe até fossem um daqueles casais inseparavéis, que beberiam juntos, que fariam loucuras sem culpa, definitivamente isso ficava só em um bloco de notas, porque a realidade eram acenos rápidos e olhares cabisbaixos.

[respiração funda] Ele não gosta de mim, ele simplesmente disse que estamos indo rápido demais, mas acho que ele está com medo, isso vai passar. [mentira, quem gosta quer pegar o carro e dirigir a toda velocidade, quer cruzar limites]

Mas ela tentou, ela cedeu. Foram ao cinema, ela e o rapaz por quem ela havia se apaixonado, era o filme do livro do Saramago, Ensaio sobre a cegueira (bem apropiado, não acha?!). Meu Deus ele ia saindo da sala do cinema, com mochila na costa, aqueles cabelos encaracolados, sandália nos pés, o coração dela bateu forte, sem razão, afinal de contas não era quem ela amava, existia então alguma coisa?!
-oi
-oi, veio ver esse mesmo filme?
-sim, eu e um amigo, é bom?
-é ótimo
[aquele momento parecia não terminar]
-então que bom te ver, eu tenho que entrar agora.
foi a última vez que ela o viu.

[ele debruçado em uma barra de ferro, olhando a universidade, ele tinha se formado]
-Vai sentir falta disso aqui? ela pergunta
- Acho que vou.
- Deve ser estranho concluir alguma coisa.
- Também acho muito estranho.
Eles sorriram um para o outro.


E você se arrepende das coisas estúpidas que fez, ela não o viu por muito tempo. O telefone toca: Marina, o Lucas morreu essa tarde. e você se arrepende das coisas estúpídas que fez.



Até o próximo post folks!

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